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Carta aberta para quem desistiu ou pensa em desistir da gestão da escola…

  • Foto do escritor: Profa. Dra. Patrícia Rodrigues
    Profa. Dra. Patrícia Rodrigues
  • 27 de mar.
  • 2 min de leitura

Primeiro, compartilhei um vídeo de uma diretora que decidiu deixar o cargo. Depois, recebi o relato de uma aluna que havia desistido do processo eleitoral para direção escolar. Logo em seguida, uma seguidora me contou que pediu demissão e também deixou a Direção de uma escola.


Três histórias, três decisões, um mesmo sentimento: esgotamento. Mas basta observar com atenção para perceber que esses casos não são exceções. Ao contrário, fazem parte de um movimento silencioso de profissionais que, com trajetória sólida e comprometida, têm deixado os espaços de liderança nas escolas.

O que está acontecendo com a gestão escolar?


Não foi só na última semana. A verdade é que os relatos têm se repetido com uma frequência desconcertante. O motivo? Em geral, é sempre o mesmo: preservar a saúde emocional e física. As exigências da gestão escolar ultrapassaram, há muito tempo, os limites do razoável — e o pior, sem o devido suporte.


Imagem gerada por IA
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O que mais tenho escutado é o seguinte: “não é o trabalho em si, são as relações.” E quando as relações adoecem, todo o resto adoece junto.

Tenho escutado histórias difíceis, de palavras duras, de humilhações veladas e explícitas. E não posso reproduzir aqui tudo o que foi dito a essas profissionais, porque esse texto seria bloqueado. Só esse detalhe já diz muito.


Quando cuidar de si vira questão de sobrevivência


Fala-se muito sobre liderança, inovação, resultados, metas. Mas fala-se pouco — ou quase nada — sobre o peso que isso tudo representa quando não há apoio institucional, quando o cuidado com quem lidera é negligenciado, quando o discurso sobre humanização não se traduz em prática.


A gestão escolar tem se tornado, para muitos, um espaço de exaustão.

Para quem desistiu, fica aqui o meu abraço mais sincero. Não há fracasso algum em priorizar sua saúde. Há coragem.


Para quem ainda está, mas vive com o pensamento constante de desistir, eu te entendo. Te entendo profundamente.


A escolha por "continuar vivendo"


E se for preciso parar, tudo bem. Desistir também é um ato de resistência. É preciso energia para continuar lutando. E, felizmente, sempre haverá pessoas dispostas a revezar conosco nessa caminhada por uma Educação mais humana, mais sensível, mais viva.


Não escrevo este texto para esvaziar os lugares da gestão, tampouco para incentivar uma desistência em massa. Escrevo porque é urgente falar sobre aquilo que temos ignorado: as dores e emoções silenciadas de gestores e gestoras escolares.

Pessoas que, mesmo com seus sonhos, projetos e dedicação, às vezes precisam fazer uma escolha — e essa escolha, infelizmente, é pela vida.


Que essa escolha seja respeitada.

E que um dia, quem sabe, possamos transformar os espaços escolares em lugares onde ninguém mais precise desistir para continuar vivendo.



 
 
 

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